DISCURSO POLÍTICO NO/EM DEBATE: UMA ANÁLISE DAS MUTAÇÕES DO GÊNERO DEBATE ELEITORAL PRESIDENCIAL BRASILEIRO

Autores

  • Livia Maria Falconi PIRES Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

Resumo

Na esteira dos estudos atuais sobre as mutações sofridas no modo de produção e circulação dos discursos políticos, os quais se constituem na contemporaneidade com a forte incidência de traços da fala cotidiana, analisamos em nosso trabalho de doutoramento o funcionamento do discurso político eleitoral brasileiro no gênero debate, supondo que esse passa por um processo de “desierarquização” e de “desideologização”. Para tanto, tomamos como corpus os debates dos candidatos à presidência no segundo turno das eleições brasileiras, do período de 1989 a 2010, percorrendo, assim, desde a abertura política até os dias atuais, buscando levantar eventuais mutações nessas formas de interlocução política. O debate eleitoral configura-se como uma arena para o embate discursivo eleitoral, disputa que se diferencia, de acordo com a maneira como é apresentado o gênero. Assim como os locais de pronunciamento da fala pública, da ágora clássica à tribuna medieval, interferem na constituição do falar público e o modificam, as diferentes disposições do debate político eleitoral podem interferir na construção do discurso político presidencial eleitoral. Dessa maneira, para este presente trabalho que ora apresentamos, mobilizaremos algumas análises da construção e das mutações do gênero debate televisionado, que se configura como um dos objetivos principais do trabalho de doutoramento, afim de demostramos as mutações sofridas por ele, para compormos, assim, um panorama do discurso político contemporâneo. Não podemos mais dissociar o verbo do corpo devido ao aparato audiovisual que, na atualidade, é essencial para a política, principalmente no momento de campanha eleitoral, o gênero debate eleitoral presidencial, corrobora, então, o entrelaçamento de verbo e imagem. Para tanto, pautar-nos-emos em reflexões sobre  os estudos da análise do discurso, os quais levam em conta o enunciado sincrético em sua densidade histórica (SARGENTINI, 2011), os estudos da fala pública (PIOVEZANI 2009) amparando-nos nos estudos que sofrem aportes de contribuições de Courtine (2011) e do pensamento de Foucault, focalizando a importância de se estudar os discursos em sua articulação com a história, vista em suas descontinuidades (FOUCAULT, [1969] 2009).

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Publicado

2014-10-10

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Artigos