AUTISMO: UM ACONTECIMENTO DISCURSIVO
Resumo
Pretendemos neste trabalho abordar o autismo na perspectiva teórico-clínica, como tambémna discursiva, entendendo-o enquanto um acontecimento discursivo, propondo pensar os desdobramentos desde a construção de uma categoria de doença em preendida pela psiquiatria infantil na década de 1940, época em que a doença mental infantil e outros trabalhos voltados para a infância surgiram e marcaram todo o campo posterior deste universo teórico. Nosso objeto de estudo é o diagnóstico do autismo, suas nomeações e renomeações no campo da ciência. Faremos este percurso, com o propósito de discutir o que se compõe até chegarmos ao momento histórico atual, quanto à denominação nosográfica do autismo. Retomaremos o caminho da ciência no que se refere ao campo conceitual e classificatório sobre o autismo, sempre priorizando o percurso seguido pelas construções teóricas e os efeitos delas no saber médico, no saber psicanalítico, no saber filosófico, como também do próprio autista. E ainda, no (não) saber do leigo, de acordo com dispositivos legais e seus efeitos sobre sujeitos que vivenciam esta condição, quer sejam os próprios autistas, quer sejam as pessoas que com eles convivem: pais, irmãos, professores, profissionais. Este caminho visa confirmar o autismo como um acontecimento discursivo, conforme proposto por Foucault (2008). Nosso desejo, com tal retomada, considerando as posições ocupadas por esse sujeitodesviante, é refletir as questões históricas, sociais e políticas que configuraram os cenários e os lugares por ele ocupados.