#ForaCunha,o grito de mulheres brasileiras católicas a favor da vida

Resumo

Em 21 de outubro de 2015, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal aprovou o Projeto de Lei (PL) 5069/13 que foi à apreciação do plenário, em abril de 2016. Muito se tem discutido acerca desta proposta, de um lado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos deputados e seus aliados querem criar punições para mulheres que praticarem o aborto e para agentes de saúde que as auxiliem nessa prática ou na incitação. De outro, encontram-se manifestantes da frente feminista que consideram o PL um retrocesso a todos os direitos conquistados em projetos anteriores, como da Lei 12.845/13. Entre essas mulheres, luta um grupo de cristãs católicas cujas ideologias ultrapassam preceitos religiosos do catolicismo romano tradicional, como a condenação à prática do aborto. Neste breve estudo, buscamos analisar o Manifesto de Católicas pelo Direito de Decidir frente ao PL5069-13: Deixem as mulheres viver em paz!, para refletir como o discurso religioso da Organização Não-Governamental Católicas pelo Direito de Decidir harmoniza-se com o discurso feminista pela liberdade de decisão sobre o próprio corpo, ressoando nos movimentos sociais. Para tanto, baseamo-nos na fundamentação teórico-metodológica da Análise Dialógica do Discurso (ADD), cunhada por Brait (2005) e ancorada nos estudos de Bakhtin (2014) e Bakhtin e o Círculo (2006). Ademais, recorremos aos estudos do feminismo, além da Teologia Feminista proposta por Gebara (2010) e, por se tratar de um assunto cujo debate é atual, traremos como referenciais algumas revistas de informação. No caso do objeto estudado, constatamos relações interdiscursivas entre o manifesto e o PL5069, as quais revelam o emb ate de forças entre ideologias oficiais e ideologias do cotidiano, na busca da legitimação de discursos frente à sociedade.